set/2024

Air: na contramão do gigantismo

Por André Barcinski

Air: na contramão do gigantismo

Por André Barcinski

Enquanto multidões passaram o fim de semana vendo o Rock in Rio, ao vivo ou pela TV, gastamos nosso valioso tempo assistindo, no Youtube, a um show que vai exatamente na contramão do gigantismo espetaculoso do Medina: a apresentação do grupo francês Air no Royal Albert Hall, em Londres.

Filmado em maio deste ano, o show faz parte de uma nova turnê em que o Air toca seu LP de estreia, o fabuloso “Moon Safari”, lançado em 1998. Vimos o concerto inteiro duas vezes no fim de semana, como se fosse um filme. Para nós, já é um dos shows do ano.

De vez em quando, por obrigação profissional – e uma pitada de curiosidade mórbida, admito – dávamos uma espiada na transmissão do Rock in Rio, e a comparação era até engraçada.

De um lado, um parque de diversões com música de fundo, com plateia quase dormindo, “comentaristas” jabazeiros fazendo anúncio de perfume, telões do tamanho de um campo de futebol e muita, mas muita música ruim.

Do outro, um show num teatro lindo para cinco mil pessoas e clima intimista. O palco do Air era uma moldura retangular que encobria o baixista e cantor Nicolas Godin, o tecladista e cantor Jean-Benoît Dunckel e o baterista Louis Delorme. Ao fundo, imagens caleidoscópicas ressaltavam o ar lúdico das músicas. Não havia UM telão. Toda a atenção do público estava voltada para os três instrumentistas e os sons sublimes que saíam do palco.

Há 30 anos, o Air faz uma elegante mistura de lounge, ambient e electro, sempre com uma pegada retrô e analógica, usando velhos sintetizadores e uma sonoridade que remete a pioneiros da eletrônica como Kraftwerk, Jean-Michel Jarre e Vangelis.  

“Moon Safari” foi apenas um de vários grandes discos de eletrônica lançados na segunda metade dos anos 1990, quando diversos nomes ligados à música para dançar fizeram trabalhos marcantes, como Moby (“Play”), Massive Attack (“Mezzanine”), Portishead (“Portishead”), Tricky (“Maxinquaye”), Boards of Canada (“Music Has the Right to Children”), Chemical Brothers (“Surrender”), Fatboy Slim (“You’ve Come a Long Way, Baby”), Underworld (“Beaucoup Fish”), Prodigy (“The Fat of the Land”) e tantos outros.

Eram discos muito diferentes entre si – alguns mais leves, outros bem acelerados – mas que levaram a música eletrônica a um público mais amplo em todo o mundo. E “Moon Safari”, certamente, foi um dos melhores.

Veja aqui a apresentação completa do Air no Royal Albert Hall.

O Air toca no México, Chile e Argentina em novembro. Vamos torcer para que esse show chegue ao Brasil.

Um ótimo dia a todas e todos.

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