Crítica: “O Sequestro do Voo 375”
Por André Barcinski
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23 comentários em "Crítica: “O Sequestro do Voo 375”"
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Não, não… só a crítica do Cleibsom presta. Não vou ver, ele não gostou e isso basta, Sr. André Barcinsky.
Pelo artigo, fiquei com vontade de assistir.
Gostei desse filme, me surpreendeu. É um entretenimento muito bem feito e a história merece ser mais conhecida mesmo.
Valeu, Renata.
Esse sequestro teria inspirado a Al-Qaeda a fazer o mesmo em Nova York muitos anos depois. Reportagens de jornal que faziam menção a esse caso foram encontradas no Afeganistão.
Vi isso no filme, verdade.
Barça, só uma correção: na verdade, o Nonato era um tratorista.
Obrigado, vou mudar.
O filme é uma mistura involuntária de Macunaíma com Mazzaropi. Dei muitas gargalhadas, também involuntárias, durante a exibição. Se O SEQUESTRO… assumisse sua raiz brasileira, com tudo de bom e ruim que essa raiz possa ter, poderia ter se tornado um grande filme, mas quer se passar por “thriller norte-americano”, algo que obviamente ele não é, daí a coisa fica forçada além da conta, apesar de engraçada!
Gozado: você abre dizendo que o filme é uma “mistura de Macunaíma com Mazzaroppi”, mas depois se contradiz e escreve que ele não assume sua raiz brasileira. Como pode? Claro que assume, e é uma de suas qualidades. Não há nada ali de “thriller norte-americano”, muito pelo contrário: não há herói, o “vilão” é um pobre coitado que não sabe o que está fazendo, nós já sabemos o final, enfim, ele abre mão desses clichês de filmes do gênero.
KKKKK ótima resposta para malas que acham que escrevem bem.
Barça, por isso que a mistura é “involuntária”…Os realizadores queriam mesmo é fazer um filme com ares de Jerry Bruckheimer, MADE IN BRAZIL com etiqueta hollywoodiana, e não com os perrengues sinceros e singelos de Macunaíma ou Mazzaropi. Daí o impressão de “forçação de barra” que O SEQUESTRO… passa. Você cita características que, apesar de importantes, não alteram o todo, ou seja, que estamos diante de um filme de “ação” derivativo dos filmes do tipo norte-americanos. E aí temos uma pergunta inconveniente de resposta óbvia: se é para ver um filme de ação brasileiro derivativo até o talo, uma espécie de “primo pobre”, dos filmes norte-americanos, por que o público tupiniquim, condicionado a ser preconceituoso com os filmes heroicamente feitos neste país e com o triste complexo de vira-lata já interiorizado, iria perder tempo vendo esse filme e não um da matriz? Se os próprios produtores de O SEQUESTRO… parecem sofrer do infeliz complexo de viralatice, eles têm de ser muito ingênuos para esperar algo de diferente do público, não é?
A brasilidade existe, mesmo que “involuntária”.
Claro que sim, Barça! Mas não neste filme, infelizmente…
Pra encerrar: você está se contradizendo de novo. Admite que a brasilidade existe, mas “não neste filme”. Não faz o MENOR sentido. Abraço.
E, complementando meu comentário anterior, Barça, sem ofensas e com respeito à sua opinião: a brasilidade “involuntária” que você vê neste filme não passa de macumba para turista.
Lembro do caso e li o livro “Caixa Preta” do Ivan Santana que descreve o caso minuto a minuto e pelo livro já era emocionante, imagina em filme. Com certeza não vou perder.
Chocado que você elogiou esse filme. Também vi no cinema e achei uma sucessão lamentável de vergonhas alheias. Até hoje não sei o que é pior, os diálogos do roteiro ou a atuação da maioria do elenco.
Cara, a maioria das críticas foram bem positivas ao filme. O que exatamente você achou ruim nos diálogos?
“O Globo” também elogiou:
https://oglobo.globo.com/rioshow/cinema/noticia/2023/12/07/baseado-em-caso-real-o-sequestro-do-voo-375-e-um-thriller-sobre-homem-que-queria-matar-sarney.ghtml
Oi, André. Cara, acho super válido que façam filmes assim, é uma jornada difícil que pouca gente se aventura no Brasil. É só exercitando que vão evoluir, já que é difícil pra caramba de fazer. Fui atrás dos comentários que troquei com amigos na época que assisti.
Não consigo passar pano para os defeitos que existem. Revela o quanto o país está aquém em roteiro e, principalmente, em direção. É difícil pra caramba construir a tensão da história proposta, que é contada quase em tempo real. Diretores brasileiros prometem mundos e fundos mas entregam muito pouco, o que foi confirmado mais uma vez nesse “Sequestro”.
O filme já começa um OFF péssimo na abertura, com uma voz sem força contextualizando o Brasil da época. Daí fala coisas do tipo “com o fracasso do plano Cruzado, pairava o medo da volta da ditadura”, o que não é bem assim. Uma cartela seria melhor.
Achei que tem muito jeito de filme B, lembra um pouco aquela franquia do “Aeroporto 70” e os seguintes. Gostaria de ler o roteiro, sinceramente fico na dúvida se os diálogos são mesmo tão fracos ou se a maioria dos atores não está bem. São textos difíceis de encenar — em situações de pânico há sempre o risco da caricatura, concretizada a rodo nesse filme.
O piloto e o co-piloto até achei as atuações ok diante do resto. Já as cenas das autoridades do governo brasileiro discutindo parecia coisa do antigo Tv Pirata, especialmente o Garib, mais canastra impossível.
Tem uma coisa de câmera na mão pra evocar o nervosismo, super mal explorado especialmente no começo, numas cenas bem nada a ver pra isso.
Com 50 minutos de filme eu me perguntava, “mas como vai ter mais 1 hora disso?”. E realmente não rende, só vai ralentando e fica evidente que o roteiro falha e a direção não consegue ajudar em nada.
Na plateia, houve várias gargalhadas nas horas erradas, especialmente quando há palavrão na boca dos atores. É claro que há muita imaturidade do público, mas é um péssimo sintoma que quebra qualquer clima pretendido. Não houve sucesso na construção da tensão.
Sobre a parte técnica, há coisas muito legais e bem feitas na reconstituição do avião e da época, e outras bem falsas, como as cenas de decolagem e voo, onde fica muito evidente a CGI. No telão do cinema, mais evidente ainda.
Até entendo que os produtores vendam o filme falando que esse sequestro marcou o país, mas sabemos que não foi, né? Ninguém lembra disso. Acho legal valorizarem que é um caso brasileiro, mas é uma venda errada. Isso é o de menos, claro, mas quando vejo o panorama de equívocos, ele soma mais um na conta.
O cartaz achei super parecido com o de “Força em Alerta 2” do Steven Seagal (https://br.web.img3.acsta.net/r_1920_1080/medias/nmedia/18/87/81/43/19961818.jpg)
Mas, contra todas as minhas queixas, quando acabou um filme um cara se levantou e falou: “Que filmaaaaço!”. Será que foi você, Barça?
Enfim, nem me sinto bem fazendo tantas críticas a um projeto que se propôs a tanto, mas sigo achando que é importante ter a reflexão para melhorar e ter consciência do tamanho do desafio que é fazer filmes assim, concorrendo com os que os gringos fazem e a gente assiste desde sempre, muitos com excelência técnica. Para o público sem maiores exigências, talvez funcione. Pra mim, sem chance.
E a crítica do GLOBO não é chancela alguma. Aliás, tá difícil crítico brasileiro respeitável de cinema. Foi apenas (mais) um texto condescendente. Não acho o filme uma vergonha completa, mas não consigo recomendar e realmente fiquei surpreso com seus elogios. Mas você curte um trash, né? Talvez isso explique um pouco da permissividade.
Desculpe o testamento. Abraços.
Cara, acho suas colocações super válidas, mas não concordo com várias. É um filme feito para buscar um público amplo, e nossas noções do que é necessário para atrair esse público são, às vezes, irreais.
Dou um exemplo: colocar letreiros no lugar de narração no início do filme já desagrada à grande maioria das pessoas, que odeiam ler legendas (não é à toa que as maiores audiências do streaming são de canais dublados).
As pessoas não sabem nem o que aconteceu ontem, quanto mais o que foi o Plano Cruzado. Infelizmente, é necessário ser 100% explicativo e fazer isso no menor tempo possível.
Concordo que o personagem do Garib é caricato, mas, infelizmente, quando se faz uma produção dessas com pretensões de atingir um público classe C e D, que ainda vai ao cinema ver filme brasileiro (e que hoje só tem comédia da Tatá Werneck pra assistir), é necessário pesar a mão nas caracterizações, sob risco do público não entender os personagens.
É triste? Bastante. Mas real. Filme brasileiro pra bater 1 milhão de espectadores em cinema, que era a meta do filme, não pode deixar de apelar a fórmulas de novela da Globo. E nem assim chegou perto do número desejado.
Também concordo que a crítica está uma lástima, mas vários jornais elogiaram o filme, não só o “Globo”. E tenho objeção à palavra “permissividade”. Não se trata disso, mas de analisar um filme levando em conta seu objetivo e público-alvo. É filme pra passar no Cinemark Tatuapé, não no Festival de Cannes.
E se o cartaz copia outro filme, pode ter certeza que isso foi pensado pela distribuidora para tentar replicar algum sucesso anterior.
Abraço!
Ok, colocamos aqui nossas opiniões, divergentes ou não. Como afirmei, é melhor que exista esse filme a não existir algum para que a gente debata.
Como espectador, não vou julgar um filme pela quantidade de concessões que preciso racionalizar para que ele seja feito e atinja um público satisfatório no Brasil. Você se esforçou bastante para defendê-lo, ok, deve ter suas razões, o diretor conseguiu um advogado pra rebater todas as críticas. Pra mim, como realização de cinema, há muita coisa indefensável ali. Somadas, viram um show de horror.
Sobre a cartela, por exemplo, eu também preferiria um texto melhor e uma narração que não parecesse lida por um defunto. Era tão difícil assim fazer um bom off? Teria sido um começo bem melhor. Mas não foi. E isso é a parte simples do filme.
Discordo de que seja preciso pesar a mão para que o público entenda certas coisas, pois milhões no Brasil assistem séries e filmes estrangeiros sem parar, em todas as classes. A preguiça de ver filme brasileiro não é à toa. Os filmes deixam a desejar em quase todos os departamentos. O filme da Tatá pode ter feito dois milhões e ainda assim é uma joça, mas é uma comédia que diverte o público, fazer o quê?
Quem se dispõe a fazer um filme de ação no Brasil, um gênero que requer muito mais know-how e dinheiro, precisa estar preparado pra receber críticas por um resultado que, como nesse caso, mal dá pro começo. Mas que sirva para marcar território e aprimorar pro futuro. Abraços.
Edu, na boa, eu estou aqui argumentando educadamente com você e você está me ofendendo. Não sou “advogado” do diretor. Ele nem sabe que escrevi o texto. Ao insinuar que tenho outra intenção que não a de debater (“deve ter suas razões”), você está questionando minha integridade profissional. Alguns assinantes já escreveram aqui dizendo ter gostado do filme. Você não gostou? Ótimo, acontece. Discordamos em alguns pontos. Mas eu nunca vou tentar ganhar uma discussão desqualificando meu interlocutor e nunca escrevi um texto para ganhar pontos com ninguém. Abraço.