jun/2025

Crítica: “Procurados – EUA: Osama Bin Laden”

Por André Barcinski

Crítica: “Procurados – EUA: Osama Bin Laden”

Por André Barcinski

O título é péssimo, eu sei: “Procurados – EUA: Osama Bin Laden”. Eu mesmo passei algumas semanas ignorando o algoritmo que me sugeria essa minissérie da Netflix, apesar de sofrer de uma certa obsessão pelo tema do atentado às Torres Gêmeas e pela história da Al-Qaeda e Osama Bin Laden.

Conheço bem a história, já li bastante sobre o tema e vi todos os filmes – ficcionais ou documentais – sobre Bin Laden (recomendo o livro “O Vulto das Torres”, de Lawrence Wright, e o filme “A Hora Mais Escura”, de Kathryn Bygelow). Mas o filme parecia horroroso. Até que me dei por vencido e resolvi conceder uma chance: cinco minutos, vai lá, e se for mais um desses programas de TV apelativos e mal feitos, o botão de desligar seria acionado imediatamente.

Mas não foi o que aconteceu. Com 10 minutos do primeiro episódio, o sentimento era: “Nossa, até que não é tão ruim”. Com 20 minutos, estávamos tão vidrados na história que emendamos os dois episódios seguintes e terminamos “Procurados – EUA: Osama Bin Laden” em uma noite.

A minissérie não inova e não traz nenhuma informação inédita, mas é inegavelmente bem realizada, tem entrevistas muito interessantes e imagens de arquivo que já vimos em outras ocasiões, mas que aqui são usadas com talento e rigor jornalístico.

E a história é sensacional: durante a guerra entre União Soviética e Afeganistão, a CIA ajudou financeiramente a rebeldes afegãos que, depois, participariam da fundação da Al-Qaeda. Mesmo que não exista prova de uma relação direta entre a CIA e Bin Laden, é fato que dinheiro americano ajudou a financiar o grupo terrorista que, em 2001, seria responsável pelos ataques às Torres Gêmeas e a outros alvos nos Estados Unidos (o livro de Lawrence Wright conta a história em detalhes).

“Procurados – EUA: Osama Bin Laden” funciona tanto como relato de intrigas e espionagem quanto como uma história detetivesca intrincada e emocionante. Por uma década, os EUA caçaram Bin Laden por todo o mundo, até encontrá-lo numa casa fortificada no Paquistão, onde ele foi morto em 2 de maio de 2011.

A minissérie traz entrevistas com altas autoridades do governo norte-americano, funcionários da CIA e dos serviços de contraterrorismo dos EUA e mostra tanto a enorme pressão que sofreram para achar os autores do 11 de Setembro quanto o sentimento de culpa por terem permitido que uma carnificina daquelas ocorresse em solo norte-americano. E as imagens da ação militar que invadiu a casa e matou Bin Laden são de tirar o fôlego.

Não se deixe enganar pela embalagem sensacionalista: “Procurados – EUA: Osama Bin Laden” é um programa de qualidade e que merece seu tempo.

Um ótimo dia a todas e todos.

7 comentários em "Crítica: “Procurados – EUA: Osama Bin Laden”"

  • André, você gosta do Adam Curtis?
    Gosto de absolutamente tudo dele desde que vi o Century of the Self, e o Bitter Lake sobre a relação URSS e EUA e Afeganistão é incrível, nem imagino como ele consegue tantas imagens e arquivos.

    Na real imagino pois BBC haha.

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    Joao Gilberto Monteiro

    André, realmente o título é péssimo, do mesmo nível de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall) ou Taxi Driver – Motorista de Táxi, mas mesmo sendo um assunto tão investigado, tão pesquisado e tão falado sobre, os atentados de 11 de Setembro ainda tem muitos mistérios e perguntas a serem respondidas….
    Vou dar uma chance à ele quando tiver um tempinho!!!

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    Andre Luiz Antunes De Oliveira

    Salve Xará, o grande filme “Rambo 3” contou um pouco da história da ajuda dos EUA para os rebeldes do Afeganistão. Rambo tbm é cultura rsrsrs. Ainda acho que Osama esta bem vivo em alguma prisão militar. Abração

  • Bom dia, André! Valeu pela dica. Realmente o título afasta um pouco. Outro que me surpreendeu positivamente foi o documentário do Titan, aquele submarino que implodiu. Também está na Netflix e vale a pena. Ele traça o perfil do CEO da Oceangate com várias entrevistas de ex funcionários. Infelizmente, foi uma tragédia anunciada.

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