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12 comentários em "Por que Godard importa"
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Aos onze anos, meu tio me doou uma grande quantidade de livros que não cabiam mais em seu apartamento. Dentre eles estava o roteiro de “A Chinesa”. Com onze anos eu não sabia o que era um roteiro e nem pra que ele servia. Comecei a ler e não entendi porque aquelas pessoas repetiam “Mao, Mao, Mao” toda hora.
Conheci os filmes do Godard, Truffaut, Ingmar Bergman, Pasolini, Win Wenders e outros diretores nas sessões de cinema na Biblioteca Pública do Barris em Salvador/BA. Bons tempos que não voltam nunca mais. Mas de todos os filmes do Godard, “Je Vous Salue, Marie?” criou uma série de polêmicas na época do lançamento, assisti e foi uma decepção só. Mas este suicídio legalizado para mim é muito mais controverso do que o filme da Maria e ninguém nem comentou nada.
Barça, o que você achou do filme Je Vous Salue, Marie? Li sobre e estou muito curioso pra assistir.
Vi na época numa sessão “pirata”, lembro que achei bem chato, mas foi importante assistir na época.
Em meados dos anos 80, só se ouvia falar de Godard em canções como “Selvagem” dos Paralamas do Sucesso (“E a liberdade cai por terra/Aos pés de um filme de Godard”) ou em “Eduardo e Mônica” do Legião Urbana (“Mas a Mônica queria ver um filme do Godard”), ou ainda, em eventuais referências culturais nas colunas redigidas pela “intelligentsia” nos cadernos “Ilustrada” da “Folha de São Paulo” e “Caderno 2” do “O Estado de São Paulo”, ou também, em artigos esporádicos de revistas descoladas, como a HV – Humor e Verdade. Aliás, em meados dos anos 80, quem quisesse ser tido como descolado e/ou moderno, bastava apenas fazer qualquer tipo de referência cultural difícil de ser acessada por aqui. E era o que acontecia com o trabalho de Godard: as exibições de seus filmes eram muito raras. E justamente nesta época, um ministro do STF, que infelizmente está lá até hoje (é… eles sempre causaram), vetou a exibição do “Je vous salue, Marie” nos cinemas brasileiros por “razões religiosas”. Felizmente, hoje em dia, com o advento dos discos digitais de video, de determinados canais de TV por assinatura e de alguns servidores de video digital por “streaming”, assistir a um filme do Godard é uma coisa fácil. Durante a pandemia, foi notável a grade de programação do canal de TV de assinatura “Telecine Cult”, que exibiu praticamente todo o catálogo disponível no Brasil de seus filmes e que não foram poucos. Pena que com o abrandamento da pandemia, o canal abandonou todo o seu amor a arte do cinema e optou por ser mais um mero instrumento de ativismo ideológico de esquerda do grupo Globo. Quem aproveitou, aproveitou e teve a rara oportunidade de conhecer com consideravel profundidade, a fantástica videografia de Godard. Que descanse em paz.
Excelente. RIP.
André, até falei com a minha mulher lá em casa que o Godard era o pai do “Cinema Cabeça” (não é bem verdade), mas resume bem a trajetória dele dentro do Cinema e a falta que ele já faz!!!!
Não acho que vc esteja errado, não…
– Qual sua ambição?
– Tornar-me imortal e depois… morrer.
Acho que ele conseguiu.
Certeza.
Texto que sintetiza muito bem a genialidade e importância do Mestre, sem poupar o seu hermetismo dos últimos anos.
Mesmo em seus filmes mais intrincados (que não são poucos), Godard sempre deixava a sensação de um debate em aberto, e exercia sem moderação a sua liberdade artística para desafiar, provocar, confundir e, não raro, magoar o seu público… que luxo, ser magoado por Godard…
Uma vida e obra que não deixarão de ser celebradas, e com justiça.
Não tava nem aí pro que a gente achava. Certo ele.