“Ainda Estou Aqui”: ainda dá para fazer arte política?
Por André Barcinski
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16 comentários em "“Ainda Estou Aqui”: ainda dá para fazer arte política?"
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Entendo todas as suas críticas sobre didatismo… mas vi o filme com minha sobrinha, e por ela entendi o que se queria, qual a necessidade. Ela não tinha noção do que aconteceu aqui durante a ditadura, me falou que ficou esperando Rubens Paiva voltar pra família no fim, não sabia que ele morria (algo que a nossa geração sabe bem)… e imagino que para os gringos, público alvo do filme, isso acaba sendo necessário. Esse filme, assim como Central do Brasil, foi feito com a missão de ganhar o Oscar de filme estrangeiro, e para isso é muito eficiente. Agora é só saber se vai conseguir… pelo menos a indicação eu acho que consegue. Pior que acho que Valtinho melhorou como cineasta… com o tema eu imaginei pelo menos meia dúzia de cenas feitas com o único propósito de ver a platéia chorando, pessoas se abraçando com música chorosa, aquela música do choooooora coração tocando ao fundo… pelo menos nisso ele se controlou, tudo é muito seco, por isso mesmo muito eficiente.
Aquela última sequência com a Fernanda Torres passou dos limites, acho.
Também senti falta de uma maior “exploração ” no filme da vida da Eunice pós desaparecimento , mas é o possível em duas horas de filme. Se abrisse mão da parte que trata da vida familiar antes da prisão, acho que perderia impacto e público.
Parece que haverá uma minissérie, onde será possível aprofundar a história.
Minha filha (17) passou a semana toda me perturbando pra ir ao cinema com ela pra assistir. E conta que vários colegas da turma de sala dela têm demonstrado muito interesse, sendo um dos assuntos ‘da hora’ no meio. Acho louvável que o filme esteja atraindo esse público da tal geração z. O seu texto me fez lembrar de ‘Azor’, que narra uma história misteriosa e perturbadora no período de ditadura na Argentina (sem expor cena alguma de violência), em que situações e relações um tanto suspeitas e pouco esclarecidas envolvem figuras ligadas às elites do país na época e os militares.
Muito bem lembrado o “Azor”.
André, concordo com cada palavra que escreveu. Sobretudo, por trazer ao texto dois gênios em deixar emergir o drama pessoal de um fundo político devastador: Ettore Scola e Costa-Gavras. Contudo, vivo no ambiente acadêmico de uma grande universidade federal e, pasme, meus colegas e alunos viram o didatismo do filme como excelência narrativa. Segundo os depoentes, este foi o primeiro filme da ditadura que trouxe a ditadura na vida.
Discordo? Totalmente. Mas, é possível que o Walter Salles tenha se antecipado diante da presumível ignorância histórica da nossa população. Não é uma defesa, mas uma reflexão. Perde o cinema. Talvez, ganhe a aquisição de algum conhecimento do que, para mim, para nós, para alguns, é óbvio.
Pois é, Valéria, essa discussão é muito legal. O filme “cumpre o papel”? Acho que sim. Mas a custo de um ar professoral, a meu ver, bem chato. Mas é o que temos, infelizmente.
Mais uma vez, concordo. O filme cumpre um papel…mas não é um bom cinema. Um dó. Walter Saller é um bom cineasta, mas, talvez não tenha conseguido a distância necessária entre dores vividas e as dores dos Paiva. Jamais comparo diferentes modalidades de arte. Filme, teatro, música, livros, cada um no seu galho. Mas, no caso de Ainda estou aqui, o filme conseguiu um distanciamento maior do que o filme. Enfim, um dó. Ótimos atores, boa fotografia, cenografia tocante, mas um didatismo que cansa.
No fim, gostei das atuações, mas quando pareceu um baita Globoplay nos créditos iniciais eu jurava que ia ter narração em off explicando tim-tim por tim-tim o pano de fundo histórico. Até que pegaram leve para os padrões.
Sim, pro padrão de filme nacional até que pegaram leve.
André, eu achei um Ainda Estou Aqui um bom filme como há muito tempo não via num filme nacional, mas concordando contigo, a parte mais interessante da vida da Eunice e que sim, daria um excelente filme, que seria a vida depois que a família voltou para São Paulo e como ela atravessou as tragédias, inclusive o acidente do próprio Marcelo, ficou de lado, o que é uma imensa pena!!!
Essa narrativa é necessária… em tempos de redes sociais, influencers, e o total emburrecimento geral, as pessoas precisam serem guiadas pelas mãos. As pessoas estão acostuamadas a verem filmes de super – heróis dublados, André… só o fato desse filme atrair multidões aos cinemas, já é louvável. Vou ver com certeza!
Você gostou das atuações do Selton e da Fernanda Torres? Ela merece ser indicada ao Oscar?
Vou ter que esperar chegar em algum streaming, então, como nossa amiga Gloria Pires, não sou capaz de opinar. Mas uma coisa eu posso dizer: esse oba-oba esperando validação do Oscar é bem chato.
Eu saí do cinema um pouco decepcionado também, pois esperava ver mais cenas da Eunice como ativista. Dentro dessa temática, fiquei com vontade de rever “Zuzu Angel” pra lembrar como foi a escolha do diretor naquela ocasião. De qualquer forma, em tempos tão malucos e de tanto desconhecimento histórico, vi gente de uns 20 anos que ficou meio impressionada com a história. O filme não é tão grande pela narrativa, mas talvez cumpra um papel didático relevante.
Sim, concordo, mas é chato ter de elogiar um filme só pelo papel didático, não acha?
Vou ver Ainda Estou Aqui na semana que vem e espero que o filme seja bom…Independente disso, o que me incomoda é o clima jeca de “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amooooooorrrrr” que o filme desperta em certa parcela da crítica e do público. Para essas pessoas parece que se o filme for indicado ao Oscar e ganhar a estátua dourada finalmente receberemos a chancela de Hollywood e enfim o cinema brasileiro se tornará “grande”. E você, Barça, até o momento é uma das raras exceções desse viralatismo tosco.