nov/2024

“Ainda Estou Aqui”: ainda dá para fazer arte política?

Por André Barcinski

“Ainda Estou Aqui”: ainda dá para fazer arte política?

Por André Barcinski

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16 comentários em "“Ainda Estou Aqui”: ainda dá para fazer arte política?"

  1. Carlos Thomaz PL Albornoz disse:

    Entendo todas as suas críticas sobre didatismo… mas vi o filme com minha sobrinha, e por ela entendi o que se queria, qual a necessidade. Ela não tinha noção do que aconteceu aqui durante a ditadura, me falou que ficou esperando Rubens Paiva voltar pra família no fim, não sabia que ele morria (algo que a nossa geração sabe bem)… e imagino que para os gringos, público alvo do filme, isso acaba sendo necessário. Esse filme, assim como Central do Brasil, foi feito com a missão de ganhar o Oscar de filme estrangeiro, e para isso é muito eficiente. Agora é só saber se vai conseguir… pelo menos a indicação eu acho que consegue. Pior que acho que Valtinho melhorou como cineasta… com o tema eu imaginei pelo menos meia dúzia de cenas feitas com o único propósito de ver a platéia chorando, pessoas se abraçando com música chorosa, aquela música do choooooora coração tocando ao fundo… pelo menos nisso ele se controlou, tudo é muito seco, por isso mesmo muito eficiente.

    1. André Barcinski disse:

      Aquela última sequência com a Fernanda Torres passou dos limites, acho.

  2. Mario Ibere Quintas disse:

    Também senti falta de uma maior “exploração ” no filme da vida da Eunice pós desaparecimento , mas é o possível em duas horas de filme. Se abrisse mão da parte que trata da vida familiar antes da prisão, acho que perderia impacto e público.
    Parece que haverá uma minissérie, onde será possível aprofundar a história.

  3. Marlons disse:

    Minha filha (17) passou a semana toda me perturbando pra ir ao cinema com ela pra assistir. E conta que vários colegas da turma de sala dela têm demonstrado muito interesse, sendo um dos assuntos ‘da hora’ no meio. Acho louvável que o filme esteja atraindo esse público da tal geração z. O seu texto me fez lembrar de ‘Azor’, que narra uma história misteriosa e perturbadora no período de ditadura na Argentina (sem expor cena alguma de violência), em que situações e relações um tanto suspeitas e pouco esclarecidas envolvem figuras ligadas às elites do país na época e os militares.

    1. André Barcinski disse:

      Muito bem lembrado o “Azor”.

  4. valeriaroque disse:

    André, concordo com cada palavra que escreveu. Sobretudo, por trazer ao texto dois gênios em deixar emergir o drama pessoal de um fundo político devastador: Ettore Scola e Costa-Gavras. Contudo, vivo no ambiente acadêmico de uma grande universidade federal e, pasme, meus colegas e alunos viram o didatismo do filme como excelência narrativa. Segundo os depoentes, este foi o primeiro filme da ditadura que trouxe a ditadura na vida.
    Discordo? Totalmente. Mas, é possível que o Walter Salles tenha se antecipado diante da presumível ignorância histórica da nossa população. Não é uma defesa, mas uma reflexão. Perde o cinema. Talvez, ganhe a aquisição de algum conhecimento do que, para mim, para nós, para alguns, é óbvio.

    1. André Barcinski disse:

      Pois é, Valéria, essa discussão é muito legal. O filme “cumpre o papel”? Acho que sim. Mas a custo de um ar professoral, a meu ver, bem chato. Mas é o que temos, infelizmente.

      1. valeriaroque disse:

        Mais uma vez, concordo. O filme cumpre um papel…mas não é um bom cinema. Um dó. Walter Saller é um bom cineasta, mas, talvez não tenha conseguido a distância necessária entre dores vividas e as dores dos Paiva. Jamais comparo diferentes modalidades de arte. Filme, teatro, música, livros, cada um no seu galho. Mas, no caso de Ainda estou aqui, o filme conseguiu um distanciamento maior do que o filme. Enfim, um dó. Ótimos atores, boa fotografia, cenografia tocante, mas um didatismo que cansa.

  5. Rbergo disse:

    No fim, gostei das atuações, mas quando pareceu um baita Globoplay nos créditos iniciais eu jurava que ia ter narração em off explicando tim-tim por tim-tim o pano de fundo histórico. Até que pegaram leve para os padrões.

    1. André Barcinski disse:

      Sim, pro padrão de filme nacional até que pegaram leve.

  6. Joãozinho1983 disse:

    André, eu achei um Ainda Estou Aqui um bom filme como há muito tempo não via num filme nacional, mas concordando contigo, a parte mais interessante da vida da Eunice e que sim, daria um excelente filme, que seria a vida depois que a família voltou para São Paulo e como ela atravessou as tragédias, inclusive o acidente do próprio Marcelo, ficou de lado, o que é uma imensa pena!!!

  7. Sandro Silva disse:

    Essa narrativa é necessária… em tempos de redes sociais, influencers, e o total emburrecimento geral, as pessoas precisam serem guiadas pelas mãos. As pessoas estão acostuamadas a verem filmes de super – heróis dublados, André… só o fato desse filme atrair multidões aos cinemas, já é louvável. Vou ver com certeza!
    Você gostou das atuações do Selton e da Fernanda Torres? Ela merece ser indicada ao Oscar?

  8. Manuel Goncalves disse:

    Vou ter que esperar chegar em algum streaming, então, como nossa amiga Gloria Pires, não sou capaz de opinar. Mas uma coisa eu posso dizer: esse oba-oba esperando validação do Oscar é bem chato.

  9. Fernando Damasceno disse:

    Eu saí do cinema um pouco decepcionado também, pois esperava ver mais cenas da Eunice como ativista. Dentro dessa temática, fiquei com vontade de rever “Zuzu Angel” pra lembrar como foi a escolha do diretor naquela ocasião. De qualquer forma, em tempos tão malucos e de tanto desconhecimento histórico, vi gente de uns 20 anos que ficou meio impressionada com a história. O filme não é tão grande pela narrativa, mas talvez cumpra um papel didático relevante.

    1. André Barcinski disse:

      Sim, concordo, mas é chato ter de elogiar um filme só pelo papel didático, não acha?

  10. Cleibsom Carlos Alves Cabral disse:

    Vou ver Ainda Estou Aqui na semana que vem e espero que o filme seja bom…Independente disso, o que me incomoda é o clima jeca de “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amooooooorrrrr” que o filme desperta em certa parcela da crítica e do público. Para essas pessoas parece que se o filme for indicado ao Oscar e ganhar a estátua dourada finalmente receberemos a chancela de Hollywood e enfim o cinema brasileiro se tornará “grande”. E você, Barça, até o momento é uma das raras exceções desse viralatismo tosco.

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